A UNICEF vai oferecer 80 mil máscaras de proteção para as unidades de saúde portuguesas e anunciou o lançamento de uma campanha de recolha de fundos para Portugal e resto do mundo para fazer face à pandemia de Covid-19.
É a primeira vez que a estrutura da UNICEF direciona este tipo de campanhas para os países considerados desenvolvidos, incidindo por norma a sua atuação em zonas mais fragilizada e vulneráveis.
Contudo, explicou a diretora executiva da UNICEF Portugal, Beatriz Imperatori, a pandemia está a afetar todo o globo, incluindo países como Portugal, Espanha e Itália, sendo inédita esta abrangência da atuação da instituição.
“Estamos a responder por um lado com uma entrega de material, com uma resposta programática no terreno e com uma ação de recolha de fundos. Pela primeira vez estas áreas de atuação da UNICEF convergem”, explicou.
"A UNICEF existe há 40 anos. Durante estas quatro décadas temos ajudado crianças vulneráveis e as suas famílias em todo o mundo. Essa ajuda só foi possível com o apoio de doadores em todo o mundo. Em Portugal, por exemplo, a campanha digital de angariação de donativos para o ciclone Idai em Moçambique foi a maior de sempre no país. Os Portugueses têm estado sempre ao lado da UNICEF, com a sua generosidade, e agora, é a altura da UNICEF também ajudar Portugal”, adianta Beatriz Imperatori.
A distribuição de 80 mil máscaras de proteção, no valor de 50 mil euros, é articulada com o Governo, estando também em curso a elaboração de conteúdos para sensibilizar, informar e apoiar os pais, cuidadores, professores, educadores e outros profissionais com conselhos para lidar com o atual momento em casa, na escola ou na comunidade.
Por outro lado, a Unicef em Portugal está também a trabalhar desde o início do estado de emergência com os seus parceiros e de forma particular com as 39 Cidades Amigas das Crianças no acompanhamento deste grupo vulnerável.
“A situação das crianças mais vulneráveis, preocupa-nos. Os ganhos adquiridos, nos últimos anos, na saúde, na educação e na proteção não podem ficar suspensos nem em risco. Com os nossos parceiros estamos a construir uma estratégia integrada e com um horizonte temporal pós-covid”, disse Beatriz Imperatori
Em comunicado a UNICEF Portugal refere que tem vindo a acompanhar a situação das crianças em Portugal e a analisar o impacto da pandemia na realização dos seus direitos pelo que está a identificar as necessidades de milhares de crianças e jovens, em particular das mais vulneráveis, junto das entidades parceiras, como escolas, organizações locais e câmaras municipais da rede de Cidades Amigas das Crianças.
O encerramento das escolas e outras medidas de contenção, explica a organização, está a ter um impacto direto no acesso das crianças a uma educação de qualidade, bem como no potencial aumento do risco de abuso e violência, e da ansiedade e do medo, como resultado do isolamento das crianças e das suas famílias.
A perda de rendimentos e do emprego afetarão, severamente, muitos aspetos da vida das crianças, e a longo prazo, poderão levar ao aumento do risco de pobreza infantil.
A UNICEF Portugal está a monitorizar, a partir do levantamento de necessidades, os efeitos que a situação está a causar e irá provocar a longo prazo nas crianças e nas famílias e a colaboração com o Governo e organizações que trabalham com crianças.
Embora manifeste satisfação com algumas medidas já implementadas pelo Estado português, a UNICEF Portugal apela, contudo, que se considere os impactos nas crianças e jovens e se que tome as medidas adequadas para proteger os seus direitos, durante e após a pandemia do COVID-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil e em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes e 13.141 casos de infeções confirmadas.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.