A Coface, de seguros de créditos e gestão de risco, estima que em março as insolvências nacionais tenham aumentado em 5%, face a previsões de janeiro, de acordo com dados de um barómetro hoje publicado.
Ainda assim, estes valores estão longe dos estimados para países como os Estados Unidos (+39%) e todos os principais países da Europa ocidental, que só por si deverá registar um acréscimo de 18%, como a Alemanha (+11%), França (+15%), Reino Unido (+33%), Itália (+18%) e Espanha (+22%), indica a Coface.
Globalmente, a empresa prevê que as insolvências aumentem em 25% em março, segundo o barómetro. A previsão em janeiro era de uma subida de 2% neste indicador.
Assim, de acordo com um comunicado, o grupo “prevê que em 2020 se assista à primeira recessão da economia mundial desde 2009, com uma taxa de crescimento de -1,3% (após +2,5% em 2019). A Coface prevê ainda recessões em 68 países (contra apenas 11 no ano passado" e "uma queda do comércio mundial de 4,3% este ano", lê-se na mesma nota.
A Coface alerta também que o “choque pode ser ainda mais violento nas economias emergentes”, tendo em conta que estes países “além de gerirem a pandemia, o que lhes será mais difícil, enfrentam também a queda dos preços do petróleo, bem como as saídas de capital que quadruplicaram em relação aos níveis de 2008”.
De acordo com a informação hoje divulgada, a “longo prazo, a crise da covid-19 poderá também ter consequências sobre a estrutura das cadeias de valor globais” alertando para que “a principal fonte da vulnerabilidade das empresas, no contexto atual, é a sua forte dependência de um número reduzido de fornecedores, localizados em poucos países, ou mesmo num único país”.
A Coface acredita que a maioria dos setores será afetada pelas medidas de confinamento impostas em muitos países, destacando “o turismo, a hotelaria, a restauração, o lazer e os transportes”, tal como “quase todos os segmentos da distribuição especializada e a maioria dos setores transformadores (excluindo a indústria agroalimentar)”, entre outros.
Do lado da procura existe “um choque igualmente brutal”, visto que muitos “consumidores estão a cancelar ou a adiar as suas despesas em bens e serviços” e a “confiança das famílias está a ser afetada pelo impacto".
A Coface também avaliou ainda os riscos políticos, considerando que a “consequência mais óbvia da pandemia, a curto prazo, é o agravamento das tensões geopolíticas já existentes”, não sendo possível excluir o risco de “uma nova vaga de medidas protecionistas”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).