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Covid-19: Empresários açorianos congratulam-se com anulação de concurso para construção de navio

LUSA
08-04-2020 12:22h

A Câmara do Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) congratulou-se hoje com a decisão do Governo Regional de anular o concurso para construção de navio de transporte de passageiros e viaturas, que defendia “há anos”.

O organismo representativo do tecido empresarial considera, segundo uma nota imprensa, como positiva a decisão de direcionar 48,2 milhões de euros para reforçar o financiamento da saúde e das medidas de apoio ao emprego e à dinamização económica, que “são cada vez mais urgentes e imprescindíveis para a sustentação do tecido empresarial e da coesão socioecónomica regional”.

O Governo dos Açores decidiu terça-feira anular o concurso para a construção de um navio de transporte de passageiros e viaturas, e direcionar os 48,2 milhões de euros desse investimento para o combate à pandemia da covid-19 na região.

A decisão, diz o Governo dos Açores, vai permitir, "ao abrigo da abertura manifestada pela Comissão Europeia, direcionar 41 milhões de euros de fundos comunitários, bem como os restantes 7,2 milhões de euros de comparticipação regional referente" ao investimento no navio para as medidas destinadas a reforçar o investimento na saúde, assim como para apoiar o emprego e as empresas.

O concurso público internacional previa a conceção e construção de um navio 'ro-ro' com capacidade para transportar 650 passageiros e 150 viaturas.

Em nota à imprensa, é referido que o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, convocou para a tarde de terça-feira um encontro do Conselho de Governo, que deliberou anular o "concurso público internacional para a conceção e construção de um navio de transporte de passageiros e viaturas", e "decidiu direcionar o respetivo montante para o reforço do financiamento da saúde e das medidas de apoio ao emprego e à dinamização da economia na região".

Para a CCIA, esta decisão, que “vinha defendendo há vários anos”, constitui uma “oportunidade única para se reconfigurar o modelo de transportes de mercadorias”, que “não se revela satisfatório para a economia regional”.

A CCIA já tinha considerado “não prioritário” o investimento de fundos públicos regionais na construção de um novo navio de passageiros, por este representar um “reduzido impacto” na economia açoriana.

“Foi considerado não prioritário o investimento na construção de um navio para o transporte inter-ilhas, dado o seu avultado valor e reduzido impacto na economia quer na fase de construção, com impacto zero, quer na fase de operação, com exploração negativa”, concluiu o Fórum CCIA 2018 – Encontro Empresarial dos Açores.

A CCIA “discorda liminarmente” da aquisição do navio ró-ró “sem que antes se tenha revisto e equacionado, de forma tecnicamente balizada, o que será o modelo de transportes marítimos para os Açores”, sob pena de se “fazerem opções erradas e onerosas para o futuro”.

O organismo criticou igualmente, o “mau funcionamento dos portos dos Açores”, por via da sua organização, o que constitui motivo de preocupação “uma vez que prejudica a sua competitividade”.

“Não existe um planeamento estratégico evidente e adequado para os portos dos Açores”, constataram os empresários.

Foram detetados nos Açores 71 casos positivos de covid-19 (35 em São Miguel, 11 na Terceira, 10 no Pico, sete em São Jorge, cinco no Faial e três na Graciosa), tendo sido registada uma recuperação na ilha Terceira.

Em Portugal, segundo o balanço feito na terça-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira (+6%).

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