O número de mortes provocadas pela covid-19 em África ultrapassou as 500 nas últimas horas num universo de mais de 10.500 casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.
Segundo o boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (CDC África), nas últimas 24 horas o número de mortes registadas subiu de 487 para 535, com 10.692 infeções confirmadas.
O CDC África registou também 1.096 doentes recuperados após a infeção.
A pandemia afeta já 52 dos 55 países e territórios de África, com quatro países – África do Sul, Argélia, Egito e Marrocos - a concentrarem mais de metade das infeções e mortes associadas ao novo coronavírus.
A África do Sul é o país com mais casos confirmados da doença (1.749), registando 13 mortes.
Argélia (1.468 casos e 193 mortes), Egito (1.450 casos e 94 mortes) e Marrocos (1.184 casos e 90 mortes) são outros países com números expressivos.
Em pelo menos uma dezena de outros países, o número de casos confirmados é na ordem das centenas.
Todos os países africanos lusófonos registam casos da doença, com a Guiné-Bissau a ser o mais afetado, contabilizando 33 pessoas com infeções pelo novo coronavírus.
Angola soma 17 casos confirmados de covid-19, contabilizando duas mortes.
Moçambique mantém 10 casos declarados de infeção pelo novo coronavírus e Cabo Verde totaliza sete casos de infeção desde o início da pandemia, entre os quais um morto.
São Tomé e Príncipe, o último país africano de língua portuguesa a detetar casos da doença no seu território, regista quatro casos confirmados.
Na Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, estão confirmados 16 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus.
Com o continente a ultrapassar a barreira dos 10 mil casos de infeção pelo novo coronavírus, a diretora da Organização Mundial da Saúde para África, Matshidiso Moeti, manifestou hoje preocupação com a rapidez de propagação da doença para fora das grandes cidades africanas.
“A covid-19 tem potencial não só de causar milhares de mortes, mas também para desencadear devastação económica e social. A sua propagação para fora das grandes cidades significa a abertura de uma nova frente na luta contra este vírus", disse.
De acordo com Matshidiso Moeti, esta nova frente “exige uma resposta descentralizada e adaptada ao contexto local".
“As comunidades precisam de ser capacitadas e os governos provinciais e locais têm de garantir que têm meios e conhecimento para responder ao surto”, acrescentou.
Por seu lado, o diretor da OMS para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed Al-Mandhari, considerou que África ainda tem oportunidade para reduzir e retardar a transmissão da doença.
"Todos os países devem acelerar e intensificar rapidamente uma resposta global à pandemia, incluindo uma combinação adequada de medidas comprovadas de saúde pública e de distanciamento físico. No âmbito desse processo, os Estados-Membros devem visar o controlo efetivo do surto, mas preparar-se para o pior", afirmou.
“O isolamento precoce de todos os casos, incluindo os ligeiros, é uma das principais medidas de controlo, juntamente com a deteção, o tratamento e o rastreio dos contactos”, acrescentou.
Sublinhou a importância de ter dados epidemiológicos “precisos e fiáveis” como uma das “mais importantes ferramentas” para estruturar resposta à pandemia.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 80 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.