Os moradores do precário bairro da Torre, no concelho de Loures, escreveram uma carta aberta a pedir uma intervenção urgente para minimizar a sua situação de vulnerabilidade, mas a autarquia diz que há famílias a recusar o realojamento.
No bairro da Torre, situado na localidade de Camarate, residem atualmente 18 famílias em condições precárias, sem acesso a luz elétrica.
Nesse sentido, e numa altura em que o país se encontra em estado de emergência devido ao surto da covid-19, a Associação de Moradores do Bairro da Torre decidiu escrever uma carta aberta a alertar para a situação de vulnerabilidade em que vivem.
Na carta, assinada por 313 pessoas, os moradores pedem o fornecimento de energia elétrica, de água e saneamento e a “melhoria imediata das condições de habitabilidade.
“A vida numa barraca sem nada, que não protege do frio, da chuva, dos ratos e que pode cair com os ventos fortes tem deixado marcas, que agora são mais difíceis de aguentar. Nestas condições agravadas de precariedade, a observação de quarentena e de convalescença em caso de contágio são muito limitadas”, pode ler-se.
A missiva é dirigida a várias entidades, entre elas o Presidente da República, a secretária de Estado da Habitação e o presidente da Câmara Municipal de Loures.
Contactado pela agência Lusa, o vereador com o pelouro da Coesão Social e Habitação na Câmara Municipal de Loures, Gonçalo Caroço, afirmou que a autarquia tem feito tudo para resolver os problemas do bairro, mas que há famílias a recusar o realojamento.
“Há quatro famílias que recusaram a solução de realojamento encontrada pela Câmara de Loures, inclusive a primeira signatária da carta, que é a presidente da associação de moradores”, criticou.
O autarca ressalvou que a Câmara de Loures tem sido a única a tentar resolver o problema dos moradores do bairro da Torre e lamentou a passividade de algumas entidades, nomeadamente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).
“Estamos a fazer o nosso trabalho e a realojar à medida das nossas possibilidades. Já as outras entidades não dão resposta”, apontou.
Gonçalo Caroço referiu que o município procedeu, a semana passada, ao realojamento de duas famílias e que durante esta semana haverá o realojamento de outra.
O autarca disse ainda que o município tem entregue refeições escolares às crianças que vivem no bairro.
“O objetivo é que as famílias que ainda vivem na Torre saiam dali e possam ser realojadas em habitações dignas. Lamentamos é que os principais responsáveis por esta carta se recusem a sair, mesmo que lhes tenham sido apresentadas alternativas”, concluiu.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, já se registaram 345 mortes e 12.442 casos de infeções do novo coronavírus.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados a 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde 19 de março e até ao final de 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.