A Associação Respira pediu hoje proteção imediata para as pessoas com doença crónica cuja atividade profissional seja incompatível com o teletrabalho e que continuam a deslocar-se diariamente para o emprego.
"Esta população constitui o principal grupo de risco nesta pandemia do coronavírus, sendo premente a aplicação de medidas de proteção social", alertou a associação, em comunicado.
Idêntico pedido foi feito na sexta-feira pela Plataforma Saúde em Diálogo, que representa 50 associações de doentes, promotores e utentes dos serviços de saúde.
"Como deixar de trabalhar é uma situação que acarreta problemas financeiros para as famílias, é necessário proteger estes grupos de risco, assegurando-lhe as devidas condições de segurança e de saúde até que este problema esteja solucionado", defendeu a organização em comunicado divulgado na sequência de ofícios enviados às ministras do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e da Saúde, Marta Temido.
A estrutura pretendeu, assim, alertar o Governo para a situação e, ao mesmo tempo, "pedir que, de acordo com a lei, seja possibilitado a estas pessoas o isolamento profilático até ao fim da pandemia".
Na carta enviada às responsáveis governamentais, é referido que estão em causa "pessoas imunodeprimidas ou portadoras de doença crónica que, de acordo com as orientações da autoridade de saúde, são consideradas de risco", designadamente doentes hipertensos, diabéticos, doentes cardiovasculares, portadores de doença respiratória crónica e com problemas oncológicos.
"Estas patologias, como bem sabemos, não afetam só pessoas idosas já na idade da reforma. Afetam também muitos cidadãos em idade ativa, que não podem prescindir dos rendimentos do trabalho para a sua subsistência e do seu agregado familiar", lê-se no documento.
Segundo a plataforma, está em causa "um grupo especialmente vulnerável", para o qual a infeção por SARS-CoV-2 (o novo coronavírus que provoca a doença covid-19) pode ser fatal ou deixar graves sequelas.
"A probabilidade de este grupo da população, ao ser contaminado, carecer de internamento hospitalar, de ventilador e de cuidados intensivos, é muito elevada", advertiu a organização.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 75.000 morreram.
Dos casos de infeção, cerca de 290.000 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com cerca de 708.000 infetados e mais de 55.000 mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos. Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 16.523 óbitos em 132.547 casos confirmados até segunda-feira.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira (+6%).
Dos infetados, 1.180 estão internados, 271 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 184 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.