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Covid-19: Lojas Francas já denunciaram cerca de 200 contratos com trabalhadores

LUSA
06-04-2020 19:44h

A LFP – Lojas Francas de Portugal já denunciou cerca de 200 contratos com trabalhadores, devido ao impacto da pandemia de covid-19 no negócio destes espaços, que se localizam nos aeroportos nacionais, disse hoje o seu diretor de marketing.

Em resposta a perguntas da Lusa, José Miguel Guerreiro indica que “face à situação de quebra drástica da atividade (mais de 50% nos últimos trinta dias e nesta última semana cerca de 98%, se comparados com 2019) ser transversal a todos os aeroportos”, e estimando uma retoma “muito lenta e gradual”, a empresa decidiu “dispensar, nos vários aeroportos onde está presente, trabalhadores com contrato a termo incerto por caducidade dos contratos”.

O responsável da LFP justifica a medida argumentando que “os fundamentos que levaram à realização dos contratos (entre eles o crescimento de passageiros) deixaram de existir”.

De acordo com José Miguel Guerreiro, numa primeira fase a LFP “denunciou os contratos de 50 trabalhadores e posteriormente, com o agravamento da situação até hoje [06 de abril], com o agravamento que ainda se prevê e com a difícil e longa retoma que se perspetiva, a empresa viu-se na necessidade de denunciar cerca de 150 outros contratos de trabalho”.

O mesmo responsável sublinha que “a dispensa destes trabalhadores foi uma decisão difícil”, mas que, “ainda assim, neste ambiente de incerteza e difícil retoma, a empresa continua a assegurar cerca de 450 postos de trabalho”.

Hoje, a célula do Partido Comunista Português (PCP) nas Lojas Francas do aeroporto Humberto Delgado em Lisboa, criticou esta decisão, defendendo que “a situação crítica de saúde pública” originada pela pandemia de covid-19 “está a dar cobertura política a uma vasta ofensiva contra o salário, o emprego e o conjunto de direitos laborais conquistados”.

Em comunicado, este organismo diz que “quando se impunha, com a intervenção direta do Governo e do Estado português, assegurar todas as condições que impedissem que a crise pública que o país atravessa não gerasse uma grave e dramática crise social”, há “mais um exemplo”, com “o despedimento de 201 trabalhadores” nas Lojas Francas.

A entidade “rejeita e condena mais este despedimento selvagem nos aeroportos nacionais” e exige ao Governo “uma intervenção imediata que ponha termos a esta ofensiva contra os trabalhadores”.

José Miguel Guerreiro, por sua vez, fala em “tempos extraordinários” e no impacto da pandemia no setor da aviação.

“A enorme redução do número desses passageiros e consequente quebra nas vendas da nossa empresa (cujo negócio se limita às lojas nos aeroportos), levou a LFP a encerrar temporariamente muitas das suas lojas e noutros casos a reduzir substancialmente o horário de funcionamento, com a operação das mesmas destinada apenas a assegurar um “nível mínimo” de serviço aos poucos passageiros que ainda viajam”, realça o diretor de marketing.

A LFP garante que o seu objetivo é “assegurar a continuação dos restantes postos de trabalho da empresa”, e promete “tão logo a retoma o permita, voltar a contratar muitos dos que hoje" se vê forçada a dispensar, de acordo com o mesmo responsável.

A LFP é o resultado de uma parceria entre a Vinci (dona da ANA, gestora dos aeroportos) e a sociedade de retalho aeroportuário Dufry, segundo a informação disponível no 'site' da empresa, e conta com cerca de 30 lojas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 70 mil.​​​​​​​

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes, mais 16 do que na véspera (+5,4%), e 11.730 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo (+4%).

 

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