O secretário-geral das Nações Unidas disse hoje que pretende reunir-se com o Conselho de Segurança da ONU durante a próxima semana para abordar a pandemia da covid-19 e o seu apelo para um cessar-fogo global.
António Guterres respondia a questões colocadas durante um ‘briefing’ virtual para a comunicação social realizado hoje para fazer um ponto da situação do impacto do seu apelo lançado em 23 de março.
Quando questionado sobre quando previa reunir-se e informar o órgão máximo das Nações Unidas (por ter a capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo) sobre a pandemia da covid-19, Guterres disse esperar que tal aconteça “na próxima semana”, mas sem adiantar uma data concreta.
Na quinta-feira, nove membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU, por iniciativa da Alemanha, solicitaram uma reunião deste organismo com Guterres para abordar a pandemia, referiram então fontes diplomáticas.
Desde o início da crise da covid-19, o Conselho ainda não teve qualquer reunião consagrada ao assunto, nem avançou com uma declaração ou resolução comum.
Atualmente existe um projeto de resolução apresentado pela Tunísia destinado a promover a ideia de um cessar-fogo mundial, enquanto os cinco membros permanentes do Conselho (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido) debatem um projeto francês similar, mas sem resultados até ao momento.
Os membros não-permanentes do Conselho - que rejeitam a ideia de um estatuto menor e preferem ser designados "membros eleitos" - manifestam crescente impaciência pelas recorrentes divisões que opõem os EUA à China, e as reticências de Pequim, ou Moscovo, de levar ao órgão uma questão dominada pela saúde e que não considera ameaçadora para a paz e segurança no mundo, informou na quinta-feira a agência noticiosa France Presse (AFP).
Nas declarações de hoje, que pretenderam relançar o apelo para um cessar-fogo global para ajudar a travar a propagação do novo coronavírus, António Guterres alertou que “o pior ainda está para vir”.
“Há uma hipótese de paz, mas estamos longe. E a necessidade é urgente”. A tempestade da covid-19 está a chegar a todos os teatros de conflito”, advertiu.
“O vírus mostrou com que rapidez pode atravessar fronteiras, devastar países e transtornar vidas. O pior ainda está por vir", reforçou o representante.
Sobre as repercussões do seu apelo, Guterres indicou, de forma prudente, que “um número substancial de partes em conflito” já expressou o seu acordo para uma paragem das hostilidades, nomeadamente em países como “Camarões, República Centro-Africana, Colômbia, Líbia, Myanmar (antiga Birmânia), Filipinas, Sudão do Sul, Sudão, Síria, Ucrânia e Iémen”.
“Mas existe uma enorme distância entre declarações e ações - transformar palavras em paz no terreno e na vida das pessoas", admitiu, lamentando mesmo situações “onde os conflitos se intensificaram”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 200.000 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.