Em apenas doze dias, a comunidade portuguesa em Macau organizou uma campanha de solidariedade, de forma espontânea, para combater a pandemia de COVID-19 em Portugal e já reuniu 171 mil euros.
A comissão organizadora, constituída por uma dezena de personalidades e instituições como a Casa de Portugal em Macau e a Santa da Casa da Misericórdia conta ainda com o apoio institucional do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e do BNU.
O apelo aos donativos foi feito a todos os habitantes da Região Administrativa Especial da China para que contribuíssem com ajudas financeiras. Os donativos podem ser depositados até ao dia 7 de Abril, na conta COVID 19 Solidariedade Portugal MOP 9016556516 do Banco Nacional Ultramarino (BNU).
Entrevistado pelo Canal S+, o médico José Manuel Esteves, presidente da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau explica-nos que estão a trabalhar em permanente colaboração com o Ministério da Saúde, que enviou de Lisboa uma “lista detalhada e pormenorizada de equipamento médico e de proteção individual que é de aquisição urgente” pelo Estado Português, de modo a fazer face à epidemia, assegura.
“A gestão dos equipamentos adquiridos será feita depois de chegarem a Portugal pelo próprio Ministério da Saúde”, adianta José Manuel Esteves. O médico e consultor do Centro Hospitalar Conde de São Januário, o único de Macau, está convencido que todo o apoio da China a Portugal se deve em grande parte às boas relações de amizade entre ambos os países, mas também ao facto do Governo Português ter auxiliado Pequim no início do surto COVID-19. Para José Manuel Esteves, a China está grata a Portugal e reconhecida pela ajuda prestada.
Com a escalada do número de infetados em todo o mundo pela pandemia do vírus SARS-COV 2, os governos e a comunidade internacional começam a ficar nervosos e muito pouco tranquilos com a escassez de equipamentos como ventiladores ou meios de proteção individual e há neste momento uma “competição desenfreada para comprar à China das mais elementares máscaras até às viseiras e ventiladores”, remata. Segundo o clínico “existem mesmo países a tentar suplantar ofertas de outros no sentido de garantirem para si os equipamentos”, adianta.
Em Macau, a pandemia foi, até agora, controlada, sem propagação comunitária, graças a um conjunto de fortes medidas de contenção que passou pelo: uso massificado de máscaras, controle de temperatura dos cidadãos, fecho de fronteiras, emissão de declarações individuais sobre o estado clínico, a testagem da comunidade e o isolamento e tratamento dos doentes agudos. Seis medidas que garantiram ao território apenas 32 casos e nenhuma morte.