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Covid-19: Governo timorense nomeia porta-vozes oficiais para epidemia

LUSA
03-04-2020 07:57h

O primeiro-ministro timorense nomeou hoje os porta-vozes do Executivo do Gabinete de Crise criado para a covid-19, que exclui a ministra interina da Saúde, depois da confusão de quinta-feira na comunicação de dados oficiais.

Num despacho que entra em vigor sábado, o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, explica-se que serão esses porta-vozes os únicos a canalizar informação oficial à comunicação social relativa à covid-19 em Timor-Leste, na Sala de Situação criada pelo Governo e instalada no Centro de Convenções de Díli (CCD).

Entre os porta-vozes nomeados estão o capitão de Mar e Guerra, Donaciano da Costa Gomes, que tem as funções de coordenador do Estado-Maior-Conjunto, e o ministro da Saúde indigitado, Sérgio Lobo, que nunca foi nomeado pelo Presidente da República e que é coordenador da Força Tarefa para a Prevenção e Mitigação do Surto de Covid-19.

Os restantes porta-vozes hoje nomeados são o ex-primeiro-ministro Rui Maria de Araújo, coordenador dos Oficiais de Ligação, e Odete Viegas, diretora-geral das Prestações em Saúde.

As nomeações surgem menos de 24 horas depois alguma confusão na quinta-feira na comunicação do Governo timorense sobre os dados da covid-19 em Timor-Leste, com dados diferentes transmitidos em duas conferências de imprensa seguidas e no mesmo local.

Os balanços diferentes de casos suspeitos e de testes realizados pelo Laboratório Nacional foram apresentados por Rui Araújo e, logo a seguir, pela ministra interina da Saúde, Élia dos Reis Amaral.

A governante não explicou, aos jornalistas, se o Ministério da Saúde estava a atuar independentemente do Centro Integrado de Gestão da Crise nem justificou o balanço diferente sobre o diferente balanço, reiterando apenas que o Ministério da Saúde tem “a tutela sobre o Laboratório Nacional” e que estava apenas a transmitir os dados técnicos.

Antes, Rui Araújo comunicou aos jornalistas que Timor-Leste continua com um caso confirmado, de um total de 35 casos suspeitos. Destes, 24 deram resultado negativo e 10 aguardavam os resultados.

Fontes do executivo confirmaram à Lusa a tensão no seio do Governo relativamente à atuação de Élia dos Reis Amaral desde o inicio da crise, com o seu papel a ser relativamente lateralizado desde a criação do Gabinete de Crise.

Essa tensão evidencia as divisões políticas no Executivo, que não conta atualmente com uma maioria parlamentar, com o Governo a deixar de contar com o apoio de dois dos seus parceiros, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).

Esses dois partidos estão agora integrados numa nova aliança de maioria parlamentar, que conta com 34 dos 65 lugares, apesar de alguns dos seus membros, incluindo a vice-ministra da Saúde (CNRT) estarem ainda no Executivo.

Timor-Leste tem um caso confirmado da covid-19 e está em estado de emergência desde sábado.

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