O governo britânico admitiu hoje estar a ter dificuldades em aumentar o número de testes de diagnóstico à pandemia de covid-19, queixando-se de falta de reagentes químicos.
Na conferência de imprensa diária sobre a crise, o ministro do Conselho de Ministros, Michael Gove, reconheceu que o aumento de capacidade é crucial para conseguir fazer regressar médicos e enfermeiros atualmente em isolamento ao serviço nacional de saúde (NHS, na sigla inglesa).
"Mais funcionários do NHS estão a voltar à linha de frente e mais testes estão a ser realizados para ajudar aqueles que se auto-isolam a voltar e a proteger aqueles que trabalham tanto nos hospitais como na assistência social. Mas embora a taxa de testes esteja a aumentar, precisamos ir além, mais rápido”, afirmou.
Gove disse que o primeiro-ministro, Boris Johnson, e o ministro da saúde, Matt Hancock, ambos em isolamento e a trabalhar remotamente por terem sido diagnosticados com a doença na semana passada, estão em contacto com “empresas de todo o mundo” para fornecerem testes.
"Uma restrição crítica à capacidade de aumentar rapidamente a capacidade de teste é a disponibilidade dos reagentes químicos necessários nos testes”, explicou.
No Reino Unido, os testes estão a ser feitos apenas a pacientes em estado preocupante que necessitam de cuidados médicos, pelo que as pessoas com sintomas ligeiros em isolamento em casa não são testadas.
O governo prometeu um aumento da capacidade dos seus laboratórios, dos iniciais 1.500 testes diários para 10.000 na semana passada, com a ambição de produzir 25.000 testes por dia antes do final de abril.
Porém, nos últimos dias foi possível verificar que o total realizado nos últimos dias rondou os 8.000, estar abaixo do prometido, o que tem merecido críticas.
Num editorial publicado hoje, o jornal The Sun pressiona o governo a pôr ordem no sistema de testes “caótico” porque um "grande aumento é urgente e crucial, especialmente para os funcionários do NHS”.
Segundo a ordem dos médicos, 25% destes profissionais não podem exercer por falta de teste, aumentando a pressão sobre os que continuam em serviço.
“Os nossos níveis de teste não são os piores do mundo. Mas são eclipsados pelos da Alemanha ou Coreia do Sul”, critica o The Sun.
Hoje, o Daily Telegraph noticiou que uma encomenda feita a uma empresa luxemburguesa tinha sido atrasada por o equipamento ter sido contaminado pelo próprio vírus.
Profissionais de saúde têm também denunciado à comunicação social britânica a falta de equipamento de proteção adequado, embora o governo garanta que tenha distribuído milhares de batas, luvas, máscaras e viseiras protetoras.
"O elemento de distribuição tem sido um pouco complicado às vezes e agora adaptámos a logística, inclusive com o apoio do exército, para que possamos desenvolver uma posição no Reino Unido sobre o fluxo do equipamento armazenado e a distribuição", disse a subdiretora-geral de saúde, Jenny Harries.
Na atualização dos dados feita hoje, o Ministério da Saúde britânico indicou terem sido diagnosticadas 25.150 pessoas com covid-19 entre 143.186 pessoas testadas, das quais 1.789 morreram, um aumento de 381 nas últimas 24 horas, o maior desde o início da pandemia.