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Ucrânia: Dois hospitais em Kiev evacuados devido a ameaça de bombardeamentos

LUSA
26-04-2024 15:40h

A Câmara Municipal de Kiev anunciou hoje a evacuação de emergência de dois hospitais na capital ucraniana, incluindo uma unidade pediátrica, por receio de ataques russos a estes estabelecimentos de saúde.

“A cidade está a começar a evacuar com urgência dois hospitais, incluindo um hospital infantil”, anunciou a autarquia na rede Telegram.

A autarquia mencionou um vídeo que circula em meios de comunicação ‘online’ indicando que haveria soldados nestes estabelecimentos.

Isto “anuncia de facto um ataque”, destaca a Câmara Municipal, que insiste no facto de as unidades hospitalares não serem instalações militares.

O vídeo em causa refere que dois hospitais localizados na rua Bogatyrska, na periferia norte de Kiev, abrigam soldados que “se escondem atrás de crianças doentes”.

Estes “terroristas (...) receberão todos o castigo que merecem”, insiste um homem no vídeo.

“É uma mentira absoluta e uma provocação do inimigo, que está a tentar usá-la para atingir as infraestruturas sociais da capital”, acusou a Câmara Municipal de Kiev, garantindo que está a fazer todo o possível “para transferir doentes e médicos para outros estabelecimentos clínicos da capital.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, foram registados neste país pelo menos 1.682 ataques a centros de cuidados médicos, segundo números da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgados no início de abril.

Estes ataques deixaram pelo menos 128 mortos e 288 feridos entre pessoal médico e doentes, segundo a OMS, que criticou “uma escalada preocupante” durante os primeiros meses deste ano, com quase um ataque por dia entre janeiro e março.

A Rússia aumentou os seus ataques aéreos nas últimas semanas na Ucrânia, visando em particular instalações energéticas e outras infraestruturas críticas do país.

Entre os seus alvos, a Rússia intensificou ataques à rede ferroviária da Ucrânia para paralisar os fornecimentos militares, especialmente equipamentos ocidentais, com vista a uma nova ofensiva, segundo um alto funcionário da segurança ucraniana em declarações à France Presse.

A infraestrutura ferroviária é particularmente vital na Ucrânia, tanto para o transporte de passageiros e comércio como para o Exército, uma vez que, desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, todo o tráfego aéreo civil ficou paralisado naquele país.

Só na quinta-feira, os ataques atingiram estas infraestruturas em três regiões ucranianas.

Em Donetsk (leste), dividida pela linha da frente, três funcionários da companhia ferroviária Ukrzaliznytsia foram mortos num ataque a uma estação ferroviária.

No mesmo dia, dez civis ficaram feridos num bombardeamento com mísseis contra a estação de Balaklia, na região de Kharkiv (nordeste), e a infraestrutura ferroviária foi danificada em Smila (região de Cherkassy, ​​centro).

Um enorme bombardeamento contra instalações ferroviárias em Dnipro e na região do centro-leste matou um funcionário da Ukrzaliznytsia e feriu outras sete pessoas em 19 de abril. Uma semana antes, a estação Sumy (norte) foi atingida por um ataque.

O Exército russo afirmou hoje ter atingido um “comboio com armas e equipamento militar ocidental” na cidade de Udatchne, na região de Donetsk, bem como “tropas e equipamento” militar em Balaklia.

Embora não tenha fornecido datas, estas afirmações parecem corresponder às investidas mencionadas no dia anterior pelas autoridades ucranianas.

Estes ataques às ferrovias também ocorrem num momento em que os Estados Unidos, após meses de paralisia devido a rivalidades políticas internas, retomaram a sua ajuda militar à Ucrânia.

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