SAÚDE QUE SE VÊ

Hospital de Évora cria três Centros de Responsabilidade Integrada e um centro pioneiro para prestar cuidados cardiovasculares

Lusa
15-07-2019 13:49h

Os Centros de Responsabilidade Integrada Cardiovascular e Onco-Cirúrgico são inovadores no país e um deles é mesmo único. Centro de Responsabilidade Integrada Cardiovascular é mesmo o primeiro.

O Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) tem em fase de implementação, desde este mês, os Centros de Responsabilidade Integrada (CRI) Cardiovascular e Onco-Cirúrgico, inovadores no país, e de Cirurgia da Obesidade, único no sul. Segundo a mesma responsável, estas novas valências são “muito importantes” porque “cobrem áreas” nas quais se registam, no Alentejo, “os maiores níveis de mortalidade”, como são “as doenças cardiovasculares e as doenças oncológicas”, assim como “um problema que afeta grande parte das pessoas, que é a obesidade”.

O Centro de Respostas Integradas ligado à Obesidade, apesar de existirem já outros em diversos hospitais do Serviço Nacional de Saúde do país, “é único” na região sul, salientou Maria Filomena Mendes. “O CRI Onco-Cirúrgico do HESE é inovador no país e também é muito importante porque junta as valências da área da oncologia e da cirurgia”, permitindo que “haja uma maior acessibilidade e uma melhor qualidade no atendimento” aos utentes, argumentou. Estes dois centros, que já contam com equipas multidisciplinares formadas e alguns equipamentos adquiridos, ainda “terão outras melhorias no futuro”, mas, para já, estão a começar a funcionar em instalações preexistentes. Já o CRI Cardiovascular é que “tem, neste momento, instalações remodeladas e próprias”, bem como “novos equipamentos de topo”, o que “permite dar uma resposta que, até agora, não conseguíamos dar”, frisou.

A criação destes três centros, que representam “uma nova forma de organização interna”, mostra que “os profissionais do HESE estão muito abertos à inovação”, elogiou a presidente do conselho de administração (CA). “O CA lançou o desafio e, independentemente de serem chefes de serviço ou não, os profissionais podiam propor a criação de um CRI. Estes três foram aprovados e envolvem equipas multidisciplinares muitos grandes”, afirmou. Maria Filomena Mendes argumentou que “é um processo que está a iniciar-se em poucos hospitais do país e aqui não houve qualquer receio de abraçar o desafio e de construir o futuro”, já a pensar no futuro Hospital Central do Alentejo, previsto ser construído em Évora.

Os CRI estão contemplados no novo regime dos hospitais do setor público, publicado em Diário da República a 10 de fevereiro de 2017. Estes centros são constituídos por equipas multidisciplinares integrando médicos, enfermeiros, assistentes técnicos, assistentes operacionais, gestores e administradores hospitalares e outros profissionais de saúde, de acordo com a área ou áreas de especialidade. Os CRI constituem-se através de formas de organização flexíveis direcionadas para dar respostas céleres e de qualidade às necessidades dos utentes.

O primeiro Centro de Responsabilidade Integrada (CRI) Cardiovascular do país

O primeiro Centro de Responsabilidade Integrada (CRI) Cardiovascular do país, que integra cuidados cardíacos, vasculares e neurovasculares, está a “nascer” no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), num investimento de 2,5 milhões de euros. “As obras estão feitas e os equipamentos estão instalados. Temos algumas valências a funcionar, desde este mês, e vamos abrindo outras”, revelou à agência Lusa o diretor do novo centro, o cardiologista do HESE Lino Patrício. Segundo o médico, este novo modelo de gestão implementado através CRI vai permitir integrar os cuidados cardiovasculares (cardíacos, vasculares e neurovasculares) numa única unidade, o que é “pioneiro em Portugal”.

A presidente do conselho de administração do HESE, Maria Filomena Mendes, adiantou à Lusa que o hospital tem em fase de implementação, este mês, três CRI, ou seja, além deste, vão surgir mais dois, um na área Onco-Cirúrgica (igualmente inovador no país) e outro de Cirurgia de Obesidade (único no sul). Lino Patrício explicou à Lusa que o CRI Cardiovascular, que implicou um investimento a rondar os “2,5 milhões de euros”, numa parceria entre a Siemens, a Universidade de Évora (UÉ) e a EDP Solidária, vai juntar “a investigação científica e a formação” dos profissionais e “uma melhor assistência aos doentes”. “O CRI vai afiliar-se com outros hospitais, como o de Santa Marta, para trazer algumas técnicas também para o Alentejo e médicos que, pontualmente, venham fazer intervenções”, disse.

A unidade permitiu “criar uma segunda sala de hemodinâmica no HESE, o que permite ampliar a intervenção, não só cardíaca, mas também a intervenção na aorta, no cérebro e nos vasos periféricos”, destacou. Em termos de equipamentos, “conseguimos adquirir um AngioTac, um TAC que permite fazer angiografias e que é topo de gama. É um TAC de 128 cortes e, fora de Lisboa, pelo menos a sul, não existe mais nenhum”, revelou o clínico. As componentes da formação e da investigação científica são também importantes, tendo o HESE e a Universidade de Évora criado, já há algum tempo, o Centro de Inovação na Investigação e Formação em Doenças Cardiovasculares (CORE).

Por isso, segundo Lino Patrício, o CRI Cardiovascular vai permitir que “os doentes de todo o Alentejo e até de fora da região possam vir” ao HESE para as intervenções de que necessitam. A equipa multidisciplinar, de aproximadamente 30 pessoas, “fundamentalmente gente da casa”, inclui médicos de diversas especialidades cardiovasculares (cardiologia, cirurgia vascular ou neurorradiologia), que “vão trabalhar em conjunto, o que não é muito habitual em Portugal”, assim como enfermeiros, técnicos e administrativos, disse o diretor. “Esta ferramenta de gestão do CRI, que nos permite fazer mais desde que possamos remunerar melhor os profissionais, pode reativar este tecido humano que está a ficar escasso no Serviço Nacional de Saúde e quisemos, precisamente, criar este centro Cardiovascular no interior para mostrar que aqui e nos hospitais públicos também é possível fazer inovação e investimentos”, argumentou o diretor.

MAIS NOTÍCIAS