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Jovens exigem demissão do Governo de Marrocos após seis dias de protestos

LUSA
03-10-2025 04:22h

O grupo juvenil apartidário "GenZ 212" pediu esta madrugada a demissão do Governo de Marrocos, após a sexta noite consecutiva de protestos que exigem melhores serviços de saúde e educação, marcados por duas mortes.

"Exigimos a dissolução do atual Governo pelo falhanço em proteger os direitos constitucionais dos marroquinos e em responder às suas exigências sociais", declarou o grupo.

Num comunicado dirigido ao Rei de Marrocos, Mohammed VI, o "GenZ 212" pediu também a abertura de um "processo judicial justo" para processar os responsáveis por corrupção.

O grupo, cujos fundadores são desconhecidos, conta com 150 mil membros na rede social Discord e apresenta-se como um grupo de "jovens livres" sem filiação política.

As manifestações espontâneas em várias cidades, sem precedentes em Marrocos, começaram após a morte de oito grávidas que estavam internadas para a realização de cesarianas no hospital público de Agadir, no sul de Marrocos.

"O povo quer saúde e educação", gritaram dezenas de manifestantes agitando bandeiras marroquinas, na quinta-feira, no bairro comercial de Agdal, no centro da capital Rabat, onde a mobilização terminou pacificamente.

Outros protestos pacíficos ocorreram em Casablanca (oeste), Marraquexe (centro-oeste) e Agadir, segundo a imprensa local.

As manifestações são instigadas pelo grupos “Morocco Youth Voice” e “GenZ 212”.

Antes da mobilização de quinta-feira, este último enfatizou que "rejeita todas as formas de violência" e instou os manifestantes a "respeitarem a natureza pacífica" do movimento.

Na quarta-feira, três pessoas morreram na cidade de Laqliaa, no sul de Marrocos, e outras ficaram feridas durante uma tentativa de ataque a um posto da polícia.

Na quinta-feira, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, deplorou estas mortes e apelou às autoridades marroquinas para que abram uma "investigação rápida e imparcial".

As autoridades marroquinas anunciaram que mais de 350 pessoas ficaram feridas durante os protestos.

A Associação Marroquina para os Direitos Humanos disse que mais de mil pessoas foram detidas, incluindo algumas detidas por polícias à paisana durante entrevistas televisivas em direto.

As mobilizações denunciam a corrupção e criticam as verbas atribuídas pelo Governo a eventos desportivos – incluindo a organização do Mundial de Futebol de 2030 – face à situação crítica dos serviços de educação e saúde e à taxa de desemprego no país.

Entre as exigências estão a melhoria da qualidade educativa, a formação e a melhoria das condições laborais dos docentes, bem como a universalidade da cobertura de serviços de saúde e a modernização dos centros hospitalares. O acesso a medicamentos a preços acessíveis é outra das reivindicações.

Além disso, os jovens exigem justiça social e económica, igualdade de oportunidades, criação de emprego jovem e apoio a pequenas empresas.

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