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Sudão: OMS vacina mais de 1,8 milhões de pessoas em Darfur contra a cólera

Lusa
25-09-2025 10:58h

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma campanha de vacinação contra a cólera em Darfur, no oeste do Sudão, onde vacinou mais de 1,8 milhões de pessoas, anunciou hoje a organização.

A campanha, que começou esta semana em Nyala, capital de Darfur do Sul, vai durar 10 dias e tem como objetivo vacinar cerca de 97% da população de seis localidades desta região do oeste do Sudão, uma das mais afetadas pelo conflito que eclodiu em abril de 2023.

"O povo de Darfur, e do Sudão em geral, deve ser protegido de doenças e sofrimento, e estamos aqui para garantir isso", afirmou o representante da OMS no país, Shible Sahbani, num comunicado, sublinhando que as equipas estão a “trabalhar incansavelmente" para conter a propagação do surto.

No total, 1,86 milhões de doses de vacinas foram mobilizadas por meio de "operações transfronteiriças complexas", passando por "zonas de conflito", acrescentou.

Desde que o primeiro caso foi relatado em Darfur, em 29 de maio, a doença propagou-se para 36 localidades nos cinco estados da região sudanesa, com um total de 12.739 casos e 358 mortes.

Em todo o Sudão, a epidemia já causou mais de 113.000 infeções e mais de 3.000 mortes desde julho de 2024, tornando-se o pior surto da doença já registado no Sudão.

Além da vacinação, a estratégia inclui vigilância epidemiológica, gestão rápida de casos, distribuição de suprimentos médicos e atividades de consciencialização da comunidade.

A OMS tem repetidamente apontado que o Sudão, comparado à situação em Gaza, está a passar por uma crise alimentar, com mais de 770.000 crianças a sofrerem de desnutrição aguda grave somente neste ano.

A crise sanitária e alimentar é ainda mais grave no estado de Darfur do Norte, onde o exército controla apenas a capital, Al-Fashir, sitiada pelos rebeldes da Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) há mais de 500 dias.

O conflito entre os militares sudaneses e as RSF eclodiu em abril de 2023 em Cartum, antes de se alastrar por todo o país. A guerra civil matou pelo menos 40 mil pessoas e deslocou cerca de 12 milhões, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

A cólera, uma infeção intestinal aguda transmitida por água ou alimentos contaminados, foi agravada pelo colapso dos serviços básicos, pela falta de acesso à água limpa e ao saneamento, e pelas chuvas e inundações que pioraram ainda mais as condições de higiene nas áreas afetadas pela guerra.

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