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Poluição por plásticos é ameaça à saúde ainda por reconhecer em pleno - estudo

04-08-2025 00:07h

A poluição por plásticos é uma ameaça à saúde que não é suficientemente reconhecida, alertou um grupo de especialistas na revista científica The Lancet, lembrando que este flagelo causa doenças e mortes.

Os cientistas denotam também que a poluição por plásticos afeta sobretudo a população com rendimentos mais baixos e incidem sobre todas as faixas etárias.

Os autores do estudo lembram ainda que os plásticos são responsáveis por perdas económicas relacionadas com a saúde que ultrapassam os 1,5 biliões de dólares anuais.

O artigo, que também anuncia uma iniciativa para acompanhar os efeitos na saúde e supervisionar os progressos, é publicado pouco antes de os representantes dos Estados-membros das Nações Unidas se reunirem em Genebra, na Suíça, - de 05 a 14 de agosto - para as esperadas negociações finais sobre o tratado mundial sobre os plásticos.

O propósito destas negociações é elaborar um pacto internacional juridicamente vinculativo sobre a poluição por plásticos, incluindo o meio marinho, com base numa abordagem integral que aborde todo o ciclo de vida dos produtos.

Os especialistas, de várias instituições, incluindo americanas, australianas e alemãs, pedem que se preste mais atenção aos efeitos sobre a saúde ao considerar a poluição por esses materiais.

O texto deste grupo de especialistas lembra que, se não houver mudanças, a produção de plástico quase triplicará entre até 2060.

Os cientistas analisaram dados atuais sobre como os plásticos e os microplásticos, assim como os produtos químicos neles contidos, afetam a saúde humana.

Além disso, os especialistas denunciam que existe “uma falta de transparência” em torno das substâncias químicas presentes nos plásticos, os seus volumes de produção, os seus usos e a toxicidade conhecida ou potencial.

Quanto aos últimos estudos publicados sobre a presença de microplásticos em tecidos e fluidos corporais — há relatórios que afirmam que foram encontrados nos pulmões, rins, cérebro, corrente sanguínea ou sémen —, os investigadores salientam que, embora sejam necessários mais estudos para compreender a relação com os possíveis efeitos na saúde, justifica-se uma abordagem cautelosa.

O artigo da The Lancet inclui a estimativa de que 57% dos resíduos plásticos não geridos são queimados ao ar livre, o que constitui uma importante fonte de poluição atmosférica nos países com baixos rendimentos.

Além disso, os resíduos plásticos podem proporcionar um ‘habitat’ para os mosquitos depositarem os seus ovos e para o crescimento de microrganismos, o que poderia contribuir para a propagação de doenças transmitidas por vetores e para a resistência aos antimicrobianos.

“Queremos que as pessoas tenham consciência de que o plástico não é tão seguro, tão confortável nem tão barato como pensam”, disse um dos autores, Philip Landrigan, professor de Biologia na Universidade de Boston.

“Os plásticos são fabricados a partir de combustíveis fósseis, contaminam os alimentos e a água, estão relacionados com muitas doenças humanas e acarretam custos elevados em cuidados médicos e danos ambientais”, afirmou num comunicado da universidade.

A Universidade de Boston lembra que 75% das substâncias químicas presentes nos plásticos nunca foram submetidas a testes de segurança.

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