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Mpox: Mais seis casos em Moçambique e primeiro em Maputo além de 167 suspeitos

LUSA
02-08-2025 17:27h

As autoridades de saúde moçambicanas confirmaram hoje mais seis casos de mpox nas últimas 24 horas, elevando o total para 23, incluindo o primeiro fora da província de Niassa, em Maputo, além de 167 suspeitos.

No mais recente boletim diário da evolução da doença, divulgado pela Direção Nacional de Saúde Pública e com dados de 11 de julho a 01 de agosto, além do acumulado de 23 positivos, é referido que a doença continua a não apresentar letalidade, sem registo de óbitos até ao momento.

Dos seis novos casos registados nas últimas 24 horas, cinco foram confirmados na província de Niassa - onde o surto estava concentrado até agora, no distrito de Lago -, norte do país, e um na província de Maputo, no sul. Houve ainda registo de 20 novos suspeitos no mesmo período, incluindo na província de Manica, além de 57 contactos em seguimento pelas autoridades de saúde.

As autoridades moçambicanas anunciaram esta semana um reforçar a vigilância fronteiriça, com equipas de rastreio e testagem, para travar a propagação de casos de mpox.

“Não há neste momento restrição à mobilidade das pessoas e bens, o que temos estado a fazer e recomendamos - e que estamos a trabalhar em conjunto com as outras instituições - é o reforço da vigilância nas áreas transfronteiriças”, disse o diretor Nacional de Saúde Pública, em conferência de imprensa em Maputo, na qual vincou também a aposta no rastreamento comunitário como melhor método para travar a propagação.

“Infelizmente, este não é um trabalho muito fácil, como devem perceber, o nosso país tem aquelas fronteiras formais onde conseguimos colocar colegas em vigilância, mas também tem vários pontos que são usados para a entrada e saída e muitas vezes não estão sob nosso controlo e aí é um grande desafio””, acrescentou Quinhas Fernandes.

As autoridades sanitárias garantiram também que Moçambique está preparado para lidar com o mpox, com capacidade para 4.000 testes, feitos localmente, tendo já usado mais de 130 neste surto.

“Temos capacidade boa para fazermos a testagem. A questão de testagem, pelo menos para o nosso país, está garantida”, disse à Lusa o coordenador do Centro Operativo de Emergências em Saúde Pública (COESP), Filipe Murimirgua.

“Tratando-se de uma doença infetocontagiosa, há sempre um risco de alastramento, razão pela qual todas as províncias estão em alerta, também já começaram a suspeitar de casos e a testar”, disse Murimirgua.

O responsável disse reconhecer melhorias nos processos face ao surto de 2022: “O país está melhor organizado, sobretudo a questão de deteção precoce dos casos. [No surto no Niassa] foi possível detetar os casos com a colaboração dos outros países vizinhos, Maláui, por exemplo, que apoiou na identificação e reporte, que foi bastante útil essa colaboração”.

A mpox é uma doença viral zoonótica, identificada pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo. No atual surto, na África austral, desde 01 de janeiro já foram notificados 77.458 casos da doença, em 22 países, com 501 óbitos.

O primeiro caso de mpox em Moçambique aconteceu em outubro de 2022, com um doente em Maputo. O coordenador do COESP, órgão da Direção Nacional de Saúde Pública, aponta a capacidade de testagem que agora existe nas províncias, com 4.000 testes disponíveis e mil para análises de reagentes para identificar estirpes de casos positivos, como a grande mudança em três anos.

Moçambique tem agora capacidade para testar em todas as capitais de província, através dos laboratórios de Saúde Pública: “Há uma capacidade enorme de testagem. Diria que ainda é subutilizada a nossa capacidade. Todos os casos que estão suspeitos são testados e conseguimos dar os resultados em tempo útil”.

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