A agência de saúde pública da União Africana (UA) alertou hoje que os conflitos são o principal desafio para combater a epidemia de cólera no Sudão e no Sudão do Sul, que alastrou já a 21 países africanos.
"A situação da cólera é muito alarmante, embora haja algumas reduções [nos casos e mortes] na maioria dos países", disse Yap Boum, diretor-adjunto de incidentes dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC Africa), numa conferência de imprensa virtual.
Desde o início de 2025, África registou 197.650 infeções por cólera, incluindo 4.072 mortes, e alguns dos países mais afetados pela epidemia são Angola, a República Democrática do Congo (RDCongo), o Sudão e o Sudão do Sul.
Embora o Sudão esteja a registar um declínio nos casos, a taxa de vacinação contra a doença no país continua a ser "muito baixa", com 5,6%, lamentou Yap Boum.
No vizinho Sudão do Sul, por outro lado, a imunização está a funcionar melhor, com 73,1%, embora os casos tenham aumentado ligeiramente esta semana, em meio ponto percentual.
"O maior desafio no Sudão, como também vemos no Sudão do Sul, é responder a um surto em áreas afetadas por conflitos. Por isso, esta é mais uma oportunidade para recordar, sempre que possível, que não há saúde sem paz", frisou.
Por outro lado, segundo o microbiologista, embora tanto as infeções como as mortes tenham diminuído na última semana na RDCongo, este "continua a ser o país mais preocupante" devido à recente tendência para o aumento da doença em comparação com outras nações africanas.
A cólera é uma doença diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com a bactéria ‘Vibrio cholerae’ e está principalmente associada a más condições sanitárias e a um acesso limitado a água potável.
Embora seja uma doença tratável que afeta tanto crianças como adultos, pode ser letal se não for tratada a tempo.