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Mpox: União Africana alerta para falta de vacinas em África

LUSA
24-07-2025 18:03h

A agência de saúde pública da União Africana (UA) alertou hoje que, apesar de os casos e mortes em África por mpox estarem a diminuir, o continente continua a sofrer com a escassez de vacinas.

"Globalmente, continuamos a ver um declínio no número de casos confirmados e suspeitos", disse o subdiretor dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África), Yap Boum, numa conferência de imprensa online.

Desde janeiro de 2024, 27 países africanos registaram 168.856 casos suspeitos (47.297 confirmados) e 1.894 mortes (221 confirmadas), depois da Gâmbia ter relatado o primeiro caso no dia 22 desse mês.

Apesar do recente declínio de casos em todo o continente, o CDC África permanece em alerta devido ao aumento nacional registado nos últimos seis meses em países como o Quénia, a Libéria, a Nigéria, o Gana e a Guiné.

"Este é realmente o momento em que devemos mobilizar todos os nossos recursos e apoio para controlar os surtos nesses países", disse Boum.

O microbiologista enfatizou que África não tem novas vacinas disponíveis para combater a epidemia, explicando que, embora a farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic tenha 800 mil doses e metade delas já tenha sido reservada para o continente pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), não existem recursos para comprá-las.

Boum divulgou esta mensagem um dia depois de dezenas de congressistas democratas nos Estados Unidos lamentarem, numa carta, que centenas de milhares de vacinas que Washington havia prometido enviar para a África expiraram antes de chegarem ao continente.

Das milhões de vacinas prometidas inicialmente, apenas cerca de 220 mil doses ainda não expiraram, de acordo com o CDC África, o que denuncia os obstáculos burocráticos para a sua entrega.

A agência indicou que África precisa de 3,4 milhões de doses de vacina para combater os surtos de mpox. Essas doses somariam às quase 3,1 milhões enviadas até o momento para o continente, onde mais de 873 mil pessoas já foram vacinadas.

"A necessidade existe. A vacina também está disponível com os produtores. O que falta são os fundos", lamentou Boum, pedindo aos países que doem mais vacinas em reservas de emergência, como alguns têm feito nos últimos anos, incluindo, por exemplo, a Espanha.

A agência de saúde da UA declarou o mpox uma emergência de saúde pública de segurança continental em 13 de agosto de 2024 e, no dia seguinte, a OMS anunciou o estado de alerta sanitário internacional para a doença, uma medida que decidiu prolongar.

O mpox é uma doença infecciosa que pode causar erupções cutâneas dolorosas, inchaço dos gânglios linfáticos, febre, dores de cabeça, dores musculares, dores nas costas e falta de energia.

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